domingo, 8 de março de 2015

VENENO GLOBAL

       A Rede Globo não faz questão de esconder que desaprova o ministro grego da economia.  Isso ficou evidente hoje, quando vi o "Bom[-]dia[,]Brasil".  Em verdade, a opinião negativa, que atinge não só o ministro, mas todo o governo, é do jornalista Renato Machado, que só pode levar ao ar o que a emissora aprova.
       "A Grécia", disse ele, "quer conciliar os cortes de gastos com o aumento dos investimentos em programas sociais."  E acrescentou: "Nós já vimos várias vezes essa história, uma história longa, e nem sempre dá certo."  Parece que qualquer intervenção voltada para os que realmente precisam de ajuda gera falta de confiança.  Se no poder estivesse um partido de direita com ideias levemente parecidas, não haveria a crítica.
       Irrita-me que uma empresa de comunicação brasileira solte veneno sobre a Grécia.  O medo de que no Brasil um governo de esquerda ganhe e faça o mesmo é inadmissível para a família Marinho.  A moda não pode ser espalhada, na visão dela.
       Não bastasse a desconfiança (disfarce para o temor de que a Grécia contagie o Brasil), o estilo do ministro foi alvo de comentário do jornalismo global, inspirado em publicações estrangeiras (a Globo é um macaco de imitação).  Renato Machado apontou o suposto fato de o ministro chamar mais atenção pelo estilo do que pelas ideias econômicas.   
       Não se pode esperar nada diferente de uma empresa em que a fantasiosa liberdade de imprensa garante a denúncia da corrupção como instrumento da democracia; de uma emissora que retrata o latifundiário como sendo alguém bonzinho e generoso só pode vir porcaria mesmo.
       Tomara que o novo governo grego tenha sucesso inegável.

(Duque de Caxias, em 24/2/2015, no Facebook.)

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